Hoje vamos dar uma olhada na música “O amor de Deus (logo eu)” da Rachel Novaes. A faixa foi lançada como single em Fevereiro deste ano e conta com a participação do Paulo Cesar Baruk.
A letra é uma celebração do amor de Deus. Sua letra é simples e clara. Ela fala do amor de Deus de várias maneiras, citando sua graça, o perdão pelos pecados e a obra da cruz, por exemplo.
No refrão, a composição descreve nós, os pecadores, alvos do amor e da graça de Cristo. Mas não coloca isso como mérito nosso. A música celebra o amor de Deus sem deixar de mencionar quem nós somos em relação a Ele: pecadores, fracos, devedores, carnais e finitos.
Aliás, o termo “devedor” não é muito comum nos louvores hoje em dia. Pelo menos até onde me lembro, só vem à mente o velho hino “Fonte és tu de toda bênção”, que na sua última estrofe diz: “Devedor da sua graça, cada dia e hora sou.”
Não são muitas músicas que conseguem equilibrar a mensagem de sermos amados por Deus com a doutrina da glória de Deus. John Piper é um feroz defensor dessa doutrina que afirma que o maior compromisso de Deus é com a sua própria glória, que Ele não a divide com ninguém. E de fato, numa era em que muitas pregações e músicas expressam demais um conceito de um Deus emocionalmente envolvido focado em nós, soa até como uma doutrina ofensiva.
A igreja tem sido afetada pelo individualismo e emocionalismo e isso tem sido ecoado nas canções que cantamos. Se esse tipo de canção é a única coisa que ouvimos e que alimenta nossos ouvidos e nossa noção de Deus, é muito fácil perdermos o foco daquilo que Piper tão apaixonadamente defende. Sim, Deus nos ama. Mas esse amor está sujeito ao amor que Ele tem pela sua própria glória. E é bom que seja assim! Pois Deus escolheu se glorificar por meio da criação e da obra na cruz.
Infelizmente, quando criticamos músicas mais centradas no homem, ouvimos coisas como “mas talvez alguém esteja precisando ouvir que é amado em vez de ouvir que Deus quer ser glorificado” ou “uma música menos teológica pode aproximar alguém que esteja num momento de dor”. Creio que não precisamos nivelar por baixo, ainda mais quando temos boas músicas como essa da Rachel Novaes. Ela fala do amor de Deus, do nosso pecado, do perdão que temos nos braços do Pai e exalta a Deus. Não é apenas “um carinho”, mas de fato apresenta o amor de Deus, de acordo com aquilo que vemos descrito nas Escrituras.
Quando falamos do amor de Deus, trazemos uma mensagem que nos traz conforto e paz. Mas, mais do que isso, uma visão do amor de Deus deve nos levar a olhar para Ele, que é o verdadeiro amor. Se uma música apresenta este amor do Pai sem que isso nos leve a exaltá-lo, então ela tende a servir mais ao homem do que a Deus.
Pensando agora na música em si, é uma música bonita, leve e confortável de cantar. Creio que ela se encaixa muito bem no contexto congregacional. Para as igrejas que contam com um grupo vocal bem ensaiado, há algumas possibilidades bem interessante para abertura de voz, especialmente no refrão. O clipe com o Baruk já dá uma boa referência para tanto.
A música é muito boa, tanto para o canto congregacional quanto para ouvir no dia a dia. É uma música cuja mensagem nos traz paz, alento e que nos leva a olhar para Deus como um amor maior e melhor do que qualquer outro que este mundo possa nos oferecer.