*O trecho abaixo foi retirado com permissão do livro 8 Mulheres de Fé, de Michael Haykin, publicado pela Editora Fiel.
As oportunidades educacionais em casa eram, em geral, limitadas e, assim, como era comum, entre muitas famílias prósperas, as crianças Steele foram enviadas para um colégio interno Havia uma academia dissidente para treinamento de ministros em Trowbridge, e Anne foi enviada a um internato para meninas que provavelmente era ligado a essa academia. Não se sabe por quanto tempo Anne permaneceu nessa escola. Ela também frequentou um colégio interno bastante rico em Salisbury, aos dezesseis anos.
Não temos conhecimento preciso do conteúdo da educação formal de Anne, mas igualmente importante foi a educação contínua realizada por correspondência com o círculo de amigos de sua família e as noites em casa, quando os amigos visitavam a família. Entre seus correspondentes, estava um bom número de ministros batistas: John Lavington (1690–1759), da Igreja Batista Exeter; Philip Furneaux (1726–1783), de Londres; James Fanch (1704–1767), de Romsey; Caleb Evans, de Bristol; e John Ash, de Pershore, Worcestershire. Furneaux ajudou a publicar a obra de Anne em 1760, e Evans e Ash colaboraram em uma edição adicional de seus poemas após a sua morte.
Quando a família e os amigos visitavam a família Steele, uma típica noite social envolvia conversas sobre uma ampla variedade de tópicos e, às vezes, a leitura de poesia e outra literatura. Sabemos de uma ocasião em que a grande literária evangélica Hannah More (1745–1833) visitou Anne em Broughton. Anne também viajava bastante para visitar parentes em Hampshire, Wiltshire e Somerset. Ela também tinha acesso à “extensa biblioteca de teologia puritana e de teologia do século XVIII” de seu pai e, ao que parece, ela leu bastante.
Quando Anne tinha quatorze anos, vemos a primeira de muitas referências no diário da madrasta de Anne Steele a uma “febre”, a qual a medicina moderna tem argumentado convincentemente ter sido malária recorrente. Anne sofreu com isso por toda a sua vida, e as maiores consequências teriam sido anemia, fraqueza e suscetibilidade a outras infecções. Esse quadro também ocasionou episódios de febre alta e deixou Anne vulnerável a contrair tuberculose.
Naquela época, a malária era comum na Inglaterra e foi associada, em especial, a áreas pantanosas e ao nível do mar, e a casa de Anne, “Grandfathers”, ficava bem perto de alguns campos aquosos próximos ao rio Wallop. Parece que Anne nunca usufruiu de um período prolongado de boa saúde e, com muita frequência, sentia intensas dores. Analgésicos eficientes eram desconhecidos nos dias de Anne, e os métodos empregados pelos médicos apenas aumentavam o sofrimento. Remédios comuns eram sangramento (por meio de faca ou sanguessuga); calor escaldante (agonizantemente doloroso, mas que, supostamente extraía fluídos corporais ruins); e indução de vômito. Tudo isso era um resquício da crença antiga de que a doença era o efeito de um desequilíbrio dos “humores” ou dos fluidos corporais.
Dos quatorze anos em diante, a saúde de Anne foi uma preocupação constante para sua madrasta, e há muitas referências angustiantes ao fato nos diários. Anne parece ter sofrido de uma terrível dor de estômago (provavelmente uma úlcera péptica) e de uma dor de dente agonizante (bastante comum em um século em que a higiene bucal era primitiva, e o tratamento, bárbaro). Disseram à sua madrasta que Anne provavelmente tinha tuberculose, e ela, com frequência, desabafava em seu diário que a morte de Anne era iminente. Aos dezoito anos, Anne caiu de um cavalo e machucou o quadril. Porém, como não há outras menções ao fato, isso certamente não a deixou inválida por toda a vida, como alguns biógrafos de Anne inferiam.
Quando Anne tinha trinta e quatro anos, sua saúde estava tão ruim que ela foi para Bath com sua irmã para passar os meses de maio e junho, a fim de se tratar com as águas. A visita não foi especialmente feliz, visto que Anne ficou doente demais pela maior parte do tempo para se banhar ou até mesmo para beber as águas. Ela esteve doente durante boa parte de seu trigésimo sétimo ano. Quando ela tinha quarenta anos, surgiram os primeiros sinais de um distúrbio nervoso (o que se encaixa com o prognóstico de malária) e, aos quarenta e três, os primeiros sintomas de dificuldade para respirar. Daí até os cinquenta e quatro anos, houve períodos que alternavam, com frequência, boa e má saúde, mas, dos cinquenta e quatro anos até a sua morte, seis anos mais tarde, ela ficou efetivamente dentro de casa. A própria experiência de sofrimento de Anne e sua aceitação consciente disso, colocando-se nas mãos de Deus, significaram que seus poemas e hinos quanto a esse tema tinham grande impacto naqueles que sofriam.