Numa época em que vemos uma ênfase enorme em buscar a felicidade acima de qualquer coisa, não é fácil encontrar músicas que lidem com o sofrimento de maneira saudável e coerente com a Palavra.
Enquanto uns pregam “pare de sofrer” ou que Deus quer “te ver sorrir e nunca chorar”, é quase uma ofensa cantar:
“Que o choro e as lágrimas
possam regar a perseverança,
que produzirá a esperança
que se perdeu”
A estrofe acima pertence à música que analisaremos hoje: “Oh minh’alma louve”, do Ton Molinari.
A primeira estrofe reconhece a dor, o sentimento de solidão. Isso reflete um pouco do que vemos em Salmos como o 13, por exemplo. A vida cristã não é isenta de dor ou solidão. Mas, nessas horas, devemos nos apegar ao que sabemos, conforme diz a última linha da estrofe.
A segunda estrofe fala do propósito da dor. Enquanto a sociedade prega que devemos evitar a dor a qualquer custo, o cristão deve enxergá-la como um instrumento de formação do nosso caráter ao de Cristo, como bem coloca o autor. A dor não deve nos abater, somente, e sim nos apontar para a eternidade, para o caráter daquele que tomou si a nossa dor, para que pudéssemos ter vida eterna.
A próxima estrofe, que citamos no começo da análise, segue na mesma linha, apontando para a perseverança do cristão em guardar a fé em meio às lágrimas.
No refrão, que dá nome à música, temos a afirmação e convocação ao louvor em meio a qualquer circunstância, apontando para a nossa esperança que é a volta de Cristo, o dia em que toda a dor terá fim. Nisso podemos confiar pois foi Ele que nos prometeu.
É importante que tenhamos músicas que falem a situações de dor, pois ela faz parte da vida de todo ser humano. Uma hora ou outra, enfrentaremos dor, solidão, a desesperança e por aí vai. Isso faz parte da natureza caída, que precisa morrer como salário do pecado. Na vida do cristão, porém, a dor tem um papel especial.
Engana-se quem afirma que a resposta de Deus para isto seja a negação dela ou uma alegria cega. A resposta que Deus deu para a dor, para a morte é a de que ela tem um prazo final, que ela não é eterna, que Cristo um dia voltará para terminar o que começou na cruz. Essa é a nossa única esperança nessa vida. E para isso que a música aponta, quando diz:
“No dia da provação ou da alegria
Nunca te esqueças
Nem por um segundo
O mesmo Deus que te livrou
Das trevas te levará até o fim.”
Essa música traz à memória aquilo que nos dá esperança, como bem nos ensina Jeremias em Lamentações 3:21. Essa mensagem vale a pena ser cantada. Não podemos evitar ou fugir da dor. Isso não significa que ela será mais fácil, mas certamente nos traz grande consolo de saber que a dor não é o fim. A dor terá seu fim, pois a morte não é eterna, uma vez que Cristo já a derrotou. Ela morreu a nossa morte para que nós pudéssemos ter vida. E por isso ele pôde nos dizer:
“No mundo, vocês passam por aflições; mas tenham coragem: eu venci o mundo.” João 16:33
Vale a pensa cantar esta música na sua igreja, pois em meio às aflições deste mundo, precisamos sempre ser lembrados das verdades nela contidas.